terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Lavagem via Paraguai

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01/05/2004

CPMI confirma lavagem via Paraguai
Parlamentares comprovaram no Paraná o envolvimento de bancos estrangeiros em remessas ilegais de dinheiro ao exterior

O ex-funcionário do Banco Integración, Acyr da Rocha, depõe na CPMICuritiba - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que passou os últimos dois dias em Curitiba coletando informações e depoimentos sobre a evasão de divisas para o Exterior através das chamadas contas CC-5, avaliou os resultados dos trabalhos no Paraná como fundamentais para comprovar o envolvimento de bancos estrangeiros no esquema de lavagem de dinheiro. Apesar de apenas duas das dez pessoas convocadas terem comparecido para prestar depoimento, o relator da CPMI, deputado federal José Mentor (PT-SP) acredita que a primeira fase das investigações, centradas nas operações irregulares feitas via Foz do Iguaçu, está em fase final. ''Ficou claro que o Banco Integración (do Paraguai) participou do esquema'', afirmou Mentor, referindo-se às informações coletadas nos dois depoimentos. Tanto o ex-presidente do Integración Luiz Carlos dos Santos Mello, no cargo entre 1996 a 1998 e hoje diretor do Departamento de Trânsito (Detran) do Paraná, como o ex-funcionário Acir Eloir Pinto da Rocha, que atuou no banco de 1996 até 2003, relataram que 95% das operações feitas pelo Integración eram relacionadas com o banco paranaense Araucária, que junto com o Banestado foi apontado em investigações anteriores como uma das instituições mais usadas para o envio de dólares ao Exterior. ''O Integración foi criado a partir de uma casa de câmbio, que se transformou em banco para fazer lavagem de dinheiro. As alterações na legislação paraguaia só facilitaram esse processo. Eles botaram uma tramela na porta da frente e tiraram a da porta de trás'', concluiu o deputado. Em depoimento, Mello afirmou que, em função da Resolução 1.677 do Banco Central do Paraguai, a Casa de Câmbio del Este transformou-se no Banco Integración e passou a operar quase que exclusivamente com o Araucária, quando antes também recebia dólares de outras instituições, como o Banco do Brasil, Banestado, e Del Paraná. Segundo Mentor, foi após as mudanças da legislação pelo BC paraguaio que começaram aparecer notícias sobre irregularidades. Mello, no entanto, disse não acreditar em irregularidades, uma vez que ''todas as operações eram diariamente comunicadas ao Banco Central do Brasil''. A CPMI, composta por deputados e senadores, busca agora identificar os responsáveis pelo Banco Integración. De acordo com os depoimentos de Mello e Rocha, até abril de 1996, a lei paraguaia permitia que os proprietários de bancos não fossem identificados. Na época, os responsáveis pelo banco seriam duas offshores (empresas abertas no Exterior com fins de remessa de dólares para fora do País), a Fidélite e Magda, que juntas eram donas de outra offshore, a Ábaco. Os dois também citaram outros três sócios paraguaios, Saturnino Ramirez Zarati, Heleno Aiala e Dionísio Cabrera Britos. Mello citou ainda a participação do ex-diretor do banco Afonso Celso Braga e do advogado Carlos Falacio. Com a nova legislação, que passou a exigir que fossem nominais, alguns teriam preferido não se identificar. Apesar disso, a CPMI apurou ''coincidências'' dos donos. O representante (denominação dada ao proprietário de uma offshore) atual da Fidélite, por exemplo, é Elias Lipatin Furman, atual presidente do Banco Integración. Na época, Furman já deteria ações da Ábaco. A Magda, por sua vez, seria de Roberto Klein em sociedade com Afonso Celso Braga. Outra prova do envolvimento do Integración e do banco Araucária no processo, segundo os parlamentares, são as gravações de conversas por telefone, feitas entre 1996 e 1998, e apresentadas na sessão de anteontem, entre a diretora de Câmbio do Banco Araucária, Ruth Bandeira Whately, e um doleiro, identificado como Paco, e entre o diretor do Araucária Alberto Dalcanalle Filho e Afonso Celso Braga Filho. ''As gravações comprovam a existência de complô para a armação de laranjas, de operações paralelas de divisas, a participação de doleiros e a relação dos bancos Araucária e Integración'', conclui o deputado.
Maigue GuethsEquipe da Folha

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